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Ponte de Lima – Legado epistolar de Feijó encerra ciclo de homenagem ao poeta

15 Dezembro 2017

A correspondência entre António Feijó e o 2.º visconde de Pindela foi o mote dominante da última conferência de tributo ao poeta ponte-limense que decorreu na passada quinta-feira, 7 de dezembro, no Auditório da Biblioteca Municipal de Ponte de Lima. Orientada pelo advogado e escritor, João Afonso Machado, a palestra recuperou as cartas trocadas entre 1886 – período em que Feijó exerceu Direito a contragosto no escritório do irmão José antes da partida para o Brasil em carreira diplomática – e 1916 – ano subsequente ao falecimento de Mercedes e anterior à morte do autor de “Sol de Inverno” -, numa sessão marcada pela evocação da amizade entre ambos – porventura iniciada por intermédio de um amigo comum, o conselheiro Luís de Magalhães -, e pela referência às notas predominantes e transversais a três décadas de conversas epistolares. Intercalando a comunicação com a leitura de uma seleção de missivas, o conferencista sublinhou a nostalgia sentida por efeito das saudades da “querida pátria”, destacou o espírito de sacrifício que lhes permitiu suportar as agruras dos “exílios” e salientou a recorrente menção aos achaques e padecimentos de cada um, reportados com mais ou menos pormenor. 

Conhecedor da riqueza informativa contida na correspondência entre os dois diplomatas, João Afonso Machado realçou a importância dos retratos sociopolíticos das cartas coligidas, que permitem espelhar a complexa realidade do período finissecular português. Detendo-se especialmente no episódio do Regicídio, o palestrante enfatizou a consternação de ambos diante da morte inesperada de D. Carlos e do príncipe real, D. Luís Filipe, salientou a preocupação com o derradeiro tempo de governação monárquica – apesar de partidários da realeza, António Feijó e o 2.º visconde de Pindela mantinham um espírito crítico na apreciação do regime -, e registou a reação de ambos diante da implantação da República, viragem política que não impediu Feijó de se conservar no exercício de funções diplomáticas em Estocolmo, mas que ditou, por exclusiva vontade do visconde, o abandono de carreira.

Além das missivas já editadas na obra “Minhotos, diplomatas e amigos: correspondência (1886-1916) entre o 2.º visconde de Pindela e António Feijó” – livro que inspirou o título da quinta conferência de tributo ao autor de “Novas bailatas” -, João Afonso Machado revelou a existência de outras cartas inéditas, cujos excertos lidos permitiram conhecer um pouco mais da relação de ambos e dos seus posicionamentos em face da cultura, da política e da História em Portugal e no mundo.

A última conferência de homenagem a uma das figuras mais elevadas das letras ponte-limenses contou com a presença de familiares de António Feijó e com a intervenção do Dr. Paulo Barreiro de Sousa, vereador com o pelouro da Educação do Município de Ponte de Lima, que anunciou a publicação de um boletim cultural com a totalidade das cinco palestras de tributo ao poeta-diplomata realizadas no âmbito das comemorações dos 100 anos da morte.