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Domingos Tarrozo 1860-1933: vida, obra e pensamento

2005/01/27

ESGOTADO

CARVALHO, José Couto Viana de - Domingos Tarrozo 1860-1933: vida, obra e pensamento. Porto : Estratégias Criativas, 2005. 111 p. ISBN 972-8257-62-7.

  • Preço: €8,50 (inclui o valor da taxa de IVA legal em vigor)
  • Como encomendar: contacte-nos através do e-mail: arquivo@cm-pontedelima.pt 

Prefácio

Meu caro José Manuel:

Não imaginas a satisfação que me deste, quando começaste a interessar­ -te por Domingos Tarrozo e pela sua filosofia!

Não porque conheça grande coisa da matéria que te ofereceu uma honrosa formatura universitária, pois eu abordei-a apenas no sétimo ano liceaI, quando optei pelo curso complementar de Letras.
Mas porque Domingos Tarrozo é um intelectual limiano, e sabes como eu admiro todos quantos, da nossa Ribeira-Lima, prezam os valores do espírito e se revelaram, através dos séculos, seus lídimos cultores, nos caminhos das artes e das ciências.

Domingos Tarrozo despertou a minha atenção no campo em que melhor me movimento e me tem permitido alguns estudos significativos: o campo da poesia, onde o filósofo, aliás, pouco se salienta, em terras de origem dos génios de Diogo Bernardes, Frei Agostinho da Cruz e António Feijó, seguidos, numa respeitável segunda linha, por Avelino Dantas, Salvato Feijó, Teófilo Carneiro e, mais recentemente, João Marcos e Cláudio Lima.

lndubitavelmente, Domingos Tarrozo apaga-se, um pouco, perante estes seus ilustres patricios, no amor fecundo às musas, mas decerto brilhará mais alto no domínio do pensamento.
E tu vens, com o teu trabalho, que li com prazer e proveito, ressuscitar esse vulto injustamente esquecido da filosofia portuguesa. Parabéns.

Tu escreves bem. Apuraste a escrita no ambiente familiar, com a sensibilidade de tua mãe, minha tia-madrinha, Maria da Conceição Couto Viana, que, durante toda a sua longa vida, alinhou versos com mestria e beleza. Teu pai, Onair Viana de Carvalho, habituou os seus lazeres da atividade profissional de bancário, a traduzir numa prosa exemplar e, apenas para seu recreio, páginas e páginas de ficcionistas franceses e deu-se à pachorra de organizar aquele incompleto Dicionário dos Milagres, queiroziano, que um editor competente, Luís Pacheco, figura cimeira do nosso Surrealismo, se gabou de o dar à estampa.

A tua linguagem é fluente, clara, acessível, em assunto de tal profundidade.
Deste livro, pode afirmar o leitor a veracidade do lugar-comum: - Li-o de um fôlego!
E como bem aprende quem o lê!
Carta escrita ao correr da pena, ao sabor da memória, deixa-me recordar-te que Domingos Tarrozo, a residir na nossa Viana do Castelo, onde nasceste, frequentava, com assiduidade, a ‘loja do Valença", do João Valença, parente de teu pai, frente às do teu avô, a Nova Havaneza e o Bazar, em acesa parlenda com intelectualidades da cidadezinha e filiados políticos do partido Progressista, embora o proprietário do estabelecimento fosse regenerador. Ali campeava outro verrinoso vianês, homem de Letras, historiador acadêmico, muito de Camilo Castelo Branco, cego nos finais da vida, assim como o autor da Filosofia da Existência: o José Caldas.

Detestava Tarrozo e não entrava na loja, ainda hoje existente, em sabendo o filósofo presente.
Nas casas do teu e meu avô, também abertas à cultura da gente grada, com a presença do nosso primo (por afinidade) Guerra Junqueiro, eram os regeneradores que tinham seu poiso. Todavia, Manuel Martins do Couto Viana apoiava o programa Progressista, defendido por Manuel Espregueira, o líder local.

Mas basta.
Desculpa-me esta incursão pela vida social e partidária da nossa pátria­pequena, na época em que Domingos Tarrozo por lá deambulava e onde acabou por falecer.

Afinal, a carta tinha apenas o propósito de e te felicitar por esta tua obra indispensável, que dignifica a cultura nacional e, em particular, Ponte de Lima, a quem já ouvi apelidar de Atenas do Alto Minha... o grego areópago da filosofia.

Com excelente razão.
Teu primo do coração

António Manuel Couto Viana

Lisboa: 30 de janeiro de 2005