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O Mistério da Estrada de Ponte do Lima, António Feijó e Eça de Queiroz

2001/02/27

ESGOTADO

MATOS, Campos A. - O Mistério da Estrada de Ponte do Lima, António Feijó e Eça de Queiroz. Lisboa: Livros Horizonte, Lda, 2001. 64 p. ISBN 972-24-1176-4.

  • Preço: €20,00 (inclui o valor da taxa de IVA legal em vigor)
  • Como encomendar: contacte-nos através do e-mail: arquivo@cm-pontedelima.pt 

Prefácio

1. SOBRE A PRESENTE EDIÇÃO

Ao ver-me embrenhado na leitura comparada das versões de O Mistério da Estrada de Sintra, o meu amigo Vasco Teixeira de Queiroz veio recordar-me um episódio burlesco conhecido em Ponte do Lima por «História dos Carecas», engendrado por António Feijó na juventude. Entrei, assim, pela primeira vez, ao seu conhecimento com a leitura da notável e extensa carta que o poeta das Bailatas escreveu, em 1912, de Estocolmo, onde era Ministro Plenipotenciário, ao seu amigo João Gomes, companheiro de tempos juvenis em Ponte do Lima. Feijó evoca nessa carta, trinta e dois anos depois, a rocambolesca invenção que fizera para um jornal da sua terra. Essas recordações levam-no a traçar um curiosíssimo quadro da Ponte do Lima de fins do século XIX, através do retrato muito vivo de figuras proeminentes e inesquecíveis da vila, por isso que esta carta transcende o interesse que contém quanto ao relato pitoresco e insólito da «História dos Carecas», para se tornar um importante documento memorialista, possivelmente um dos mais interessantes exemplares da vasta epistolografia de António Feijó. O nosso trabalho foi facilitado pela inestimável fortuna que tivemos de encontrar na Biblioteca Municipal de Ponte do Lima, em estado consultável, os preciosos números de O Comércio do Lima, de 1880, que nos permitiram a montagem integral dos episódios folhetinescos. A excelente revista Limiana e os Anais de Ponte do Lima, forneceram-nos, por seu turno, grande parte das anotações complementares aos textos.

Acresce ao interesse queiroziano deste episódio, já que foi inspirado n'O Mistério da Estrada de Sintra, a importância com que nele participam conhecidos locais da paisagem urbana e da paisagem natural de Ponte do Lima, antiquíssima vila, uma das mais belas de Portugal, pela unidade e originalidade do seu património arquitetural e pela excecionalidade e harmonia da natureza que a envolve, em região de consagrada tradição poética desde o século XIII.

À idiossincrasia tão enraizadamente, tão caracteristicamente limiana de António Feijó, tão bem evocada por Francisco Teixeira de Queirós numa conferência das comemorações de 1959 (vd. Bibliografia), acrescente-se o fascínio decorrente da sua personalidade. Luís de Magalhães, grande amigo de Eça de Queiroz, e condiscípulo do poeta, dos tempos de Coimbra, traça dele este jovial retrato: «O seu contacto dava alegria, dava saúde. Sob a sugestão do seu espírito parecia que tudo se animava e resplandescia, que a própria existência se tornava mais amável, mais apetecível. De toda a sua pessoa irradiava a joie de vivre. Junqueiro chamava-lhe, então, o opíparo Feijó ... Veremos por diante que Eça de Queiroz também assim o denominava.

Este retrato da juventude dá para melhor entender o belo poema Em Madrid, das Novas Bailatas, que traduz o espírito jocoso do poeta, tão presente já na «História dos Carecas». Também o seu espírito «blagueur» é corroborado pelo episódio de uma divertida sessão de espiritismo, que Feijó realizou na casa de Aurora, em Ponte do Lima...