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A glória de Cardeal Saraiva evocada em primeira conferência de tributo

07 Junho 2016

A notabilidade de D. Frei Francisco de S. Luís - o insigne Cardeal Saraiva - foi evocada na primeira conferência inserida nas comemorações dos 250 anos de nascimento de uma das figuras cimeiras da cultura local, que decorreu na passada sexta-feira, 3 de junho, no Auditório da Biblioteca Municipal de Ponte de Lima.

Orientada por D. Frei Geraldo Coelho Dias, a palestra de tributo, intitulada "O beneditino Cardeal Saraiva e os estudos históricos", focou alguns dos momentos marcantes da vida e obra de uma ilustre personalidade que serviu exemplarmente o país - nas mais diferentes esferas de atuação - sem nunca pretender honrarias e riquezas. Num discurso emocionado, D. Frei Geraldo Coelho Dias destacou o percurso do monge beneditino que, além do notável trabalho desenvolvido em prol da religião e da Ordem, distinguiu-se enquanto docente, historiador, filólogo, político e fecundo escritor. O palestrante - profundo conhecedor do impressionante legado deixado por D. Frei Francisco de S. Luís - sublinhou as suas ações em defesa da soberania nacional, por ocasião das invasões francesas, a sua elevação a Bispo-conde e a Reitor-reformador da Universidade de Coimbra, a sua nomeação para Guarda-mor da Torre do Tombo e a sua ascensão a Cardeal Patriarca de Lisboa. Considerado uma das glórias de Portugal do seu tempo, D. Frei Francisco de S. Luís foi também louvado pela singeleza da alma, pela generosidade e sentido de justiça, pela devoção e abnegação e pela resiliência e capacidade de superação diante de campanhas detratoras e dos exílios a que foi forçado.

Durante a conferência, que contou com a presença do Eng.º Vasco Ferraz, Vereador da Juventude da Câmara Municipal de Ponte de Lima, houve ainda oportunidade para visualizar algumas litografias do Cardeal Saraiva, e dos locais por onde passou, e apreciar o seu "Dietário de Tibães", uma obra de valor inestimável.

À conferência orientada por D. Frei Geraldo Coelho Dias seguem-se, a 21 de julho, O Cardeal Saraiva: o homem e os livros, da responsabilidade de António M. Barros Cardoso; a 23 de setembro, Frei Francisco de S. Luís: académico e filólogo, por Telmo Verdelho; a 21 de outubro, O Cardeal Saraiva e o conflito entre o Estado e a Igreja na Revolução Liberal portuguesa, ministrada por Afonso Rocha; a 11 de novembro, D. Frei Francisco de S. Luís e os estudos literários, a cargo de Cândido Martins; e, finalmente, a 02 de dezembro, Tensões e conflitos entre liberais e absolutistas no Alto Minho, no tempo de Cardeal Saraiva, por Alexandra Esteves. Por seu turno, a conferência Frei Francisco de S. Luís e o nosso tempo, de Oliveira Ramos, continua sem previsão de data.

Sobre o conferencista

Geraldo José Amadeu Coelho Dias nasce a 17 de setembro de 1934 em S. Tiago de Lordelo, Guimarães. Dali segue para o Mosteiro de Singeverga, Santo Tirso, onde se dedica aos estudos humanísticos e filosófico-religiosos. Faz profissão como monge beneditino a 01 de outubro de 1951 e, decorridos sete anos, é ordenado sacerdote. Enviado para Roma conclui, em 1960, a licenciatura em Teologia, frequenta o Pontifício Instituto Bíblico, ainda na capital italiana e, no biénio de 1961-1962, faz um estágio bíblico-arqueológico no Studium Biblicum Franciscanum, em Jerusalém. De regresso a Portugal ocupa vários cargos de destaque na Ordem de S. Bento, leciona no Colégio e Escola Teológica de Singeverga e exerce a função de diretor do Colégio de Lamego. Em 1976 matricula-se no curso de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, licenciatura que conclui em 1981 com 16 valores. Ali faz o doutoramento, em 1994, e inicia a atividade letiva, sendo a disciplina de maior relevo a de História Comparada das Religiões. De entre os vários estudos publicados, salientamos Filisteus em Canaã: uma cultura desaparecida; Uma relíquia epigráfica dos judeus de Braga; Do sacrifício de Isaac a uma nova teoria do sacrifício; Perspetivas bíblicas da mulher e monaquismo medieval feminino; O Mosteiro de Tibães e a reforma dos beneditinos portugueses no século XVI; e Os beneditinos portugueses e as sequelas da Revolução Francesa na "Arcádia Tibanense".[1]

[1] MARQUES, José - Prof. Doutor José Amadeu Coelho Dias: obra histórica [Em linha]. (2004). [Consult. 23 maio 2016]. Disponível na Internet:< http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4403.pdf>