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Legado literário de António e Álvaro Feijó evocado em noite de poesia

21 Junho 2016

Na última edição do ano de Poesia à Sexta, os poetas António e Álvaro Feijó - dois nomes de referência da cultura limiana e vianense, respetivamente - foram as figuras evocadas numa noite de celebração da literatura regional, que decorreu na passada sexta-feira, no Auditório da Biblioteca Municipal.

David Rodrigues, responsável pela comunicação dedicada ao poeta e diplomata António Feijó - no seu mês de nascimento e morte - revisitou os principais momentos da vida e obra do autor de Sol de Inverno, desde as décadas passadas em funções diplomáticas aos anos votados à escrita de notáveis composições poéticas que, sustentou o palestrante, deveriam integrar os programas curriculares da disciplina de Português. Intercalando o relato biográfico com a leitura de vários poemas, de que se destacam Eu e tu, Pallida e loira, Domingo em terra alheia e Inverno, David Rodrigues lembrou os nove títulos deixados pelo insigne limiano - três deles com edição póstuma - sublinhou duas vertentes menos conhecidas do legado de Feijó - a da tradução literária e a da epistolografia - e salientou o lado perfeccionista de um homem que defendia o dever de se esgotarem todos os esforços para se atingir uma qualidade superior. "Um verso não é bom se eu posso fazer melhor", dizia o poeta que buscava o aperfeiçoamento constante.

A produção literária do autor a quem Guerra Junqueiro alcunhava de "opíparo" Feijó não foi a única faceta mencionada na sessão de tributo. Também a sua apetência pelo convívio social e boémio, o seu apreço pela boa gastronomia portuguesa e a sua relação de amizade com Eça de Queirós foram aspetos igualmente versados na primeira comunicação da noite.

Álvaro Feijó, sobrinho-neto do renomado escritor limiano, foi o segundo poeta evocado, cujo centenário de nascimento se assinala no próximo dia 5 de julho. Cláudio Lima destacou as origens aristocráticas e a tradição literária da família de um autor, que prematuramente desaparecido da cena cultural - morre tuberculoso com uns incompletos 25 anos - revelou um natural talento para a poesia. Estudou no Colégio Jesuíta de La Guardia e cursou Direito em Coimbra, cidade onde contactou com o movimento da Presença e onde se operou uma transformação na sua forma de escrita. Segundo o orador, 1937 foi o ano de viragem no estilo e o período de publicação de Corsário (1940) - única obra do autor vianense editada em vida. Além dos elementos de mar e de referências a Viana do Castelo, que atravessam grande parte dos textos de Álvaro Feijó, Cláudio Lima sublinhou a pulsão amorosa e a temática feminina, visíveis em várias composições, mas também as preocupações sociais e políticas patentes na sua derradeira fase literária, de que é exemplo Diário de bordo - obra inacabada do escritor em que se sente igualmente um sarcasmo feroz dirigido à aristocracia da época. À semelhança da primeira intervenção, foram lidos poemas de Álvaro Feijó, designadamente Nossa Senhora da Apresentação, vertente religiosa igualmente presente na sua escrita.

A sessão de Poesia à sexta - projeto dinamizado pelo Município de Ponte de Lima para promoção daquele género literário - contou com a presença do Eng.º Vasco Ferraz, Vereador com o Pelouro da Juventude e Desporto, que deixou antever a retoma da iniciativa para 2017.

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