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Trajetória política de António de Araújo de Azevedo em palestra de tributo

12 Julho 2017

A conferência "António de Araújo de Azevedo (Conde da Barca): trajetória de um intelectual, político e diplomata iluminista" - ação integrada nas comemorações dos 200 anos da morte de uma das personalidades mais destacadas da vida pública portuguesa da segunda metade de setecentos e dos primeiros dezassete anos do século XIX - decorreu na passada sexta-feira, 7 de julho, no Auditório da Biblioteca Municipal de Ponte de Lima. Orientada por Joaquim Pintassilgo, professor associado do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, a palestra procurou trazer o essencial da vida e obra de um homem que se movimentou num período particularmente sensível da história nacional, caracterizado sobretudo por transformações de ordem social e política e pela conflitualidade crescente entre estados europeus - mormente a França e a Inglaterra - que forçaram o país a uma diplomacia de refreamento e cautela.

Traçado o percurso biográfico de António de Araújo de Azevedo - de que se destaca a participação nas atividades da Sociedade Económica de Ponte de Lima, nos anos de 1779 a 1786 -, o conferencista centrou-se especialmente na tentativa de o futuro Conde da Barca conservar a neutralidade na contenda entre franceses e ingleses, objetivo conciliador que diante das circunstâncias fracassou, optando Portugal por ceder às pretensões da velha aliança contra os interesses napoleónicos.

Além da enumeração de alguns dos cargos diplomáticos ocupados por António de Araújo de Azevedo, que lhe permitiram inúmeras estadas no estrangeiro e a observação privilegiada dos principais acontecimentos e progressos das nações por onde andou, Joaquim Pintassilgo sublinhou o ecletismo do político ponte-limense que se dedicou a interesses diversificados, desde a exploração de uma fazenda à criação de um laboratório de química e de um jardim botânico.

Admirador da figura do Conde da Barca, o conferencista salientou ainda, para remate da comunicação de tributo, o espírito reformista de António de Araújo de Azevedo - apesar de moderado e pragmático -, a capacidade intelectual do diplomata, a sua personalidade cosmopolita e multifacetada, o empreendedorismo revelado no projeto iniciado de construção de uma fábrica de fiação nas margens do Lima, o seu poliglotismo e a bibliofilia, consubstanciada numa extensa biblioteca, e a inequívoca fidelidade à monarquia e ao Príncipe Regente D. João (futuro D. João VI).

Em face do interesse em torno da vida e obra do Conde da Barca - título obtido em dezembro de 1815 -, a Biblioteca Municipal de Ponte de Lima vai disponibilizar em breve a tese de mestrado de Joaquim Pintassilgo versada no legado de António de Araújo de Azevedo.

Sobre o palestrante:

Licenciado em História pela Universidade de Lisboa (1982), Mestre em História Cultural e Política pela Universidade Nova de Lisboa (1987) e Doutor em História pela Universidade de Salamanca (1996), Joaquim António de Sousa Pintassilgo é autor, coautor e organizador de diversas obras, sobretudo dedicadas à área de História da Educação, de que se destaca o título de 2014 "O 25 de abril e a educação: discursos, práticas e memórias docentes". De entre os numerosos artigos publicados, salienta-se o texto "A Revolução Francesa na perspetiva de um diplomata português: (a correspondência oficial de António de Araújo de Azevedo), lançado na Revista de História das Ideias de 1988.